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A atrofia muscular é uma perda de massa no músculo que pode causar sérios problemas, incluindo dificuldade de se locomover e até de respirar adequadamente. Muitas vezes, isso ocorre devido ao sedentarismo extremo e a outros problemas de saúde que podem resultar na perda de músculos.
Além de mostrar o que é a atrofia muscular, vamos listar os principais sintomas desta condição e discutir quais são os tratamentos disponíveis atualmente.
Atrofia muscular – O que é?
De acordo com o artigo científico Cellular and Molecular Mechanisms of Muscle Atrophy publicado no periódico Disease Models & Mechanisms em 2013, a atrofia é um termo usado para definir uma redução no tamanho de um tecido ou órgão por causa do encolhimento das células, que pode ocorrer através da perda de organelas, citoplasma e proteínas.
Assim, a perda de proteínas nas células musculares gera a atrofia muscular, que pode prejudicar diversas funções metabólicas vitais.
Os nossos músculos são um grande estoque de proteínas no nosso corpo. A nossa massa muscular não serve apenas para deixar o corpo em forma e bem definido.
Função fisiológica dos músculos
A função fisiológica dos músculos é estocar uma fonte de energia para ser usada quando o organismo precisar.
Ou seja, se alguém está privado de nutrientes ou se tratando de uma doença grave e debilitante (como câncer, queimaduras intensas, doenças autoimunes e insuficiência cardíaca, por exemplo), o organismo busca outras fontes de energia disponíveis como a proteína armazenada nos músculos.
Isso é muito interessante para situações de emergência, mas não como uma fonte de energia recorrente.
Desta forma, ter um estoque de proteínas no corpo é útil para promover o envelhecimento saudável, prevenir a ocorrência de distúrbios metabólicos e fornecer energia em condições de estresse para órgãos vitais como o coração, o cérebro e o fígado, por exemplo.
Assim, a atrofia muscular se caracteriza pela degradação excessiva de proteínas no organismo, o que prejudica a função dos músculos e pode interferir também em outras funções do metabolismo.
A perda muscular em excesso pode prejudicar o suprimento de energia do corpo humano a médio e longo prazo, podendo levar à morte.
Tipos de atrofia muscular
Existem 2 tipos principais de atrofia muscular, que se diferem em suas causas. Além disso, a atrofia pode atingir um ou mais músculos, dependendo da gravidade e da causa.
1. Atrofia por desuso
Esse é o tipo de atrofia muscular em que a perda da massa muscular se dá devido à falta de uso dos músculos.
Ela pode ocorrer por causa de uma vida extremamente sedentária ou por causa de algumas condições médicas ou de saúde que impeçam alguém de praticar atividades físicas e até mesmo de realizar movimentos simples.
Pessoas com artrite reumatoide ou osteoartrite, por exemplo, têm um risco maior de desenvolver atrofia muscular, principalmente se não se exercitarem nunca.
Outras condições médicas como ter um osso quebrado ou uma queimadura grave (cuja recuperação é lenta) e pessoas com paralisias no corpo podem ser vítimas da atrofia muscular por desuso.
2. Atrofia neurogênica
A atrofia neurogênica é um tipo de atrofia desencadeada por causa de um problema no sistema nervoso.
As principais causas são doenças neuromusculares como a atrofia da medula espinhal, a esclerose múltipla, a esclerose lateral amiotrófica e a síndrome de Guillain-Barré. Outro problema de saúde que pode causar atrofia é a neuropatia diabética.
Nesses casos, ocorre a interrupção dos sinais nervosos do músculo, prejudicando o seu funcionamento normal.
Causas da atrofia muscular
Além da inatividade física que resulta em desgaste muscular e as doenças mencionadas acima, existem outros motivos que podem prejudicar a saúde dos músculos.
Diversas outras doenças e lesões que dificultam ou limitam os movimentos podem causar a atrofia. Há casos, inclusive, em que a atrofia muscular é um sintoma de desnutrição grave ou de uma doença muscular relacionada ao consumo abusivo de álcool.
Até astronautas que ficam muito tempo viajando no espaço também podem começar a desenvolver atrofia muscular devido à ausência de gravidade.
– Causas de atrofia por desuso
As possíveis causas de atrofia muscular por desuso são:
- Hospitalização ou repouso prolongado por causa de alguma doença ou cirurgia;
- Lesões temporárias como um braço ou perna quebrada;
- Desnutrição em que ocorre falta de nutrientes para os músculos, causando um enfraquecimento progressivo e uma incapacidade de usar os músculos adequadamente;
- Dermatomiosite em que há uma inflamação muscular que se manifesta através de erupções cutâneas;
- Distrofia muscular, uma doença hereditária que causa perda progressiva de tecido muscular e gera fraqueza muscular;
- Osteoartrite, um tipo de artrite que causa dor e dificuldade de locomoção;
- Artrite reumatoide, doenças autoimunes crônica em que há inflamação nas articulações;
- Polimiosite, uma inflamação generalizada que causa fraqueza nos músculos;
- Ausência de atividade física;
- Queimaduras graves.
– Causas de atrofia neurogênica
As causas neurogênicas de atrofia muscular incluem:
- Miopatia relacionada ao consumo abusivo de álcool;
- Esclerose múltipla que afeta o sistema nervoso, o cérebro e a medula espinhal que causa dificuldade de equilíbrio, falta de coordenação, fraqueza e outros sintomas;
- Esclerose lateral amiotrófica ou doença de Lou Gehrig, condição neuromuscular grave que resulta em fraqueza muscular e dificuldade de controle do movimento voluntário dos músculos;
- Neuropatia diabética, uma complicação da diabetes relacionada aos altos níveis de açúcar no sangue;
- Lesão no pescoço, nos nervos periféricos ou na medula espinhal;
- Atrofia da medula espinhal, uma doença genética que causa uma redução da função muscular;
- Exposição a toxinas ou compostos nocivos ao organismo como venenos;
- Síndrome de Guillan-Barre, um distúrbio no nervo autoimune que causa inflamação no nervo e fraqueza muscular;
- Síndrome da atrofia muscular espinhal ou doença de Werdnig-Hoffman, uma doença genética que enfraquece e atrofia os músculos e prejudica os movimentos.
Outras causas
- Processo natural de envelhecimento;
- Uso prolongado de corticosteroides;
- Acidente vascular encefálico;
- Problemas de deglutição;
- Neuropatia, doença que causa danos a um nervo ou vários deles;
- Poliomielite, condição viral que afeta o tecido muscular e que pode causa paralisia.
Sintomas
Os sintomas da atrofia muscular podem variar de acordo com a causa. Porém, os sintomas mais comumente observados são:
- Dor;
- Sensação de que um membro é menor que o outro, como um braço parecer mais fino do que o outro, por exemplo;
- Dormência;
Inchaço;- Fraqueza muscular em algum membro do corpo;
- Dificuldade para executar movimentos simples como sentar ou caminhar;
- Problemas de deglutição e de fala;
- Dificuldades respiratórias;
- Espasmos ou tremores musculares;
- Problemas ósseos e articulares como a escoliose;
- Dificuldade de manter o equilíbrio.
- Problemas de coordenação motora;
- Fadiga;
- Rigidez muscular.
Alguns sintomas podem indicar outros problemas de saúde mais sérios. Assim, se observar algum dos sintomas abaixo, procure ajuda médica o mais rápido possível:
- Alteração no nível de consciência ou no estado de alerta como um desmaio;
- Fala distorcida ou arrastada;
- Incapacidade de falar;
- Alterações na visão como perda da visão ou dor ocular;
- Fraqueza repentina ou dormência em apenas um lado do corpo;
- Incapacidade de mover uma parte do corpo.
Esses sintomas mais graves podem indicar a ocorrência de um surto de esclerose múltipla ou de um acidente vascular cerebral, por exemplo.
Ao observar qualquer uma dessas anormalidade, é preciso buscar ajuda.
Complicações da condição
A atrofia muscular pode ser um sinal de uma doença mais grave. Dessa forma, a falta de tratamento adequado pode causar complicações graves e danos permanentes no organismo.
Algumas das complicações da atrofia são redução da mobilidade, diminuição do desempenho físico, problemas posturais permanentes, perda de força e até paralisia.
Assim, o indicado é que assim que você tiver um diagnóstico em mãos, já inicie o tratamento para controlar a condição.
Diagnóstico
O diagnóstico consiste em uma avaliação dos sintomas, do histórico médico e na solicitação de exames complementares. Além disso, é importante mencionar qualquer tipo de lesão antiga ou recente e informar ao médico sobre os medicamentos ou suplementos alimentares que esteja utilizando.
Alguns exames como exame de sangue, raios X, ressonância magnética, tomografia computadorizada, eletromiografia, biópsia de músculo e nervo e estudos de condução nervosa podem ser solicitados pelo médico para descartar possíveis
causas e completar o diagnóstico.
Tratamento
Em alguns casos, como para aqueles que têm atrofia muscular por desuso, a condição pode ser revertida através de um tratamento que envolva uma dieta equilibrada aliada a exercícios físicos e/ou fisioterapia.
Já aqueles que apresentam atrofia muscular neurogênica não podem ser curados, mas podem realizar um tratamento específico para amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
– Tratamento para atrofia muscular por desuso
Os tratamentos disponíveis como parte de um tratamento completo ou como terapias isoladas são:
Exercícios físicos e fisioterapia
É indicado movimentar-se o máximo que puder. Além de exercícios simples como caminhar, é indicado praticar musculação se for possível e exercícios na água como hidroginástica, que têm menos impacto sobre as articulações.
Se for muito difícil se exercitar, busque ajuda de um fisioterapeuta para que ele te ajude a identificar os seus limites físicos e ensine a forma correta de se exercitar, tornando a atividade física mais fácil e prazerosa.
Nos casos em que a pessoa não consegue se movimentar sozinha, a fisioterapia é essencial para não deixar os músculos atrofiarem ainda mais e até recuperar parte dos danos.
Alterações na dieta
Para evitar e tratar a atrofia por desuso, é preciso ter uma dieta adequada. Além de usar alimentos saudáveis, é importante fornecer boas quantidades de proteínas para que o corpo possa reconstruir os músculos atrofiados.
Em alguns casos, suplementos podem ser indicados, mas geralmente as mudanças na alimentação já fazem toda a diferença.
Outras possibilidades de tratamento
- Terapia de ultrassom: Essa é uma terapia não invasiva que usa ondas sonoras para ajudar a tratar lesões que causam a atrofia muscular.
- Terapias alternativas: Terapias alternativas como osteopatia e quiropraxia podem ajudar a diminuir os sintomas desde que as manipulações musculoesqueléticas sejam feitas por profissionais capacitados.
- Estímulos elétricos: Nas hospitalizações por tempo prolongado em que a pessoa não pode sair da cama, é necessário que o músculo seja exercitado artificialmente com estímulos elétricos e/ou com o auxílio de um enfermeiro, um terapeuta ocupacional ou um fisioterapeuta para que a massa muscular seja preservada. Em casos como esse, um equipamento gera uma corrente elétrica que, quando aplicada na pele, é convertida em uma contração muscular involuntária.
- Cirurgia: Em casos em que é possível reverter o dano cirurgicamente, a cirurgia pode ser indicada após considerar os prós e os contras da intervenção.
– Tratamento para atrofia muscular neurogênica
Em casos de atrofia muscular neurogênica, é preciso tratar a condição também com o uso de medicamentos. Isso porque, nesse tipo de atrofia, o dano no nervo não pode ser revertido.
Muitas vezes, essas pessoas não conseguem realizar atividades físicas ou têm muita dificuldade para controlar precisamente os movimentos.
Assim, é essencial o tratamento com fisioterapeutas que possam ajudar na execução dos exercícios. Além disso, é possível estimular os músculos e gerar contrações involuntárias com o uso de técnicas como a estimulação elétrica neuromuscular que, por meio de impulsos elétricos aplicados nos nervos e músculos, causa contrações musculares involuntárias que ajudam a movimentar a região e tratar a atrofia dos músculos.
Como existem diversos tipos de atrofia neurogênica, é importante ter o diagnóstico correto e tratar a condição de acordo com orientações médicas.
Geralmente, além da fisioterapia, os médicos indicam o uso de anti-inflamatórios corticosteroides para reduzir a inflamação e a dor e para diminuir a compressão dos nervos afetados.
Como prevenir a atrofia
Como a atrofia muscular pode ocorrer também na terceira idade, é importante conhecer maneiras de prevenir o
desgaste muscular.
A melhor dica é ter uma vida ativa. A falta de atividade física é um dos principais fatores que contribuem para a atrofia muscular. Assim, busque uma atividade que você gosta de fazer, pratique musculação ao menos 2 vezes por semana, nade, dance, corra, passeie com seu animal de estimação, dê uma volta no quarteirão para tomar um sol. O importante é se mexer com frequência.
A outra dica essencial é ter uma boa alimentação sempre. Abuse de alimentos naturais e tenha uma dieta saudável e equilibrada. Isso vai ajudar não só a manter os músculos saudáveis, mas também todo o resto do seu corpo.
Dicas finais
Exceto nos casos em que você realmente não consegue, a regra é levantar e se mexer. Podem ser movimentos simples, mas é importante não se render às dificuldades de viver com atrofia muscular.
Mesmo que a sua atrofia não possa ser revertida, é essencial seguir o tratamento e tentar se manter ativo o máximo
que puder. Isso vai ajudar a melhorar a sua autoestima e a sua qualidade de vida.
O tratamento é muito importante e com cada vez mais recursos disponíveis na medicina, é possível sim viver bem tendo atrofia muscular.
Referências adicionais:
- https://www.hopkinsmedicine.org/healthlibrary/conditions/adult/nervous_system_disorders/types_of_muscular_dystrophy_and_neuromuscular_diseases_85,P00792
- https://medlineplus.gov/ency/article/003188.htm
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3529336/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28804474
- https://my-ms.org/symptoms_atrophy.htm
- https://society-scwd.org/muscle-wasting/
- https://www.nhs.uk/conditions/spinal-muscular-atrophy-sma/
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